Vencendo o gigante da Luxúria
Gálatas 5.19
Em sua opinião,
antigamente as pessoas eram mais, ou menos maliciosas do que hoje?
O assunto do
estudo de hoje é "luxúria", uma palavra com muitos sinônimos que
descrevem um mesmo e velho pecado. Para começo de conversa, busquemos
definições do dicionário para três palavras que estão relacionadas:
- Luxúria: incontinência,
lascívia, sensualidade, dissolução, corrupção, libertinagem;
- Lascívia: luxúria,
libertinagem, sensualidade;
- Libertinagem:
devassidão. O termo "libertinagem" é explicado da seguinte
maneira, em nota da Nova Versão Internacional da Bíblia: "ato de
viver somente para o prazer próprio, de esbanjar a vida em prazeres tolos
ou perversos".
Breve
Análise do Texto
Nas variadas
versões da Bíblia, há textos onde uma mesma palavra foi traduzida para o nosso
idioma com uma ou outra dessas palavras acima. Por exemplo, em Gálatas 5.19 aparece
a palavra lascívia (na edição
Almeida Atualizada), e luxúria, com esta mesa idéia de uma vida sem regras e
entregue às paixões desenfreadas, onde o corpo é consumido no prazer, sem levar
em conta as conseqüências.
Comentando
Gálatas 5.19, G. Hendriksen afirma que os três vícios aí mencionados "têm
um significado distinto, contudo, os três vícios têm algo em comum, a saber, um
desvio da vontade de Deus quanto ao sexo".
Temos, na
Bíblia, um livro voltado para a experiência da sexualidade humana – Cântico dos
Cânticos. Mas ali, como de resto em toda a Bíblia, a sexualidade está colocada
dentro de um plano de tal forma elaborado, que a vida humana cresce em
dignidade e o sexo ganha em beleza e em sentido. Porém, o que temos na
sociedade atual difere bastante da conduta digna e bela na qual o ser humano
deveria viver. Há, portanto, grave contraste entre as opções das pessoas e o
projeto divino para a vida sexual humana. Há a diferença entre luxúria e
dignidade humana na sexualidade.
Ao inserir-se
nessa questão, é importante levar em consideração o seguinte:
Tópicos
para Reflexão
1. UM MUNDO
EM BUSCA DE PRAZER
Não precisamos
e não devemos ficar com falso saudosismo, sempre a dizer: "Ah, antigamente
não era assim…" Em que pese toda a malícia humana que cresce e aparece, há
muitos aspectos que são quase que permanentes na história da raça humana, e
outras coisas são mais ou menos recorrentes (veja Os. 4).
Homens e
mulheres sempre estiveram em busca do prazer.Há muitas coisas que podem dar prazer. No presente estudo,
destaca-se o sexo. A luxúria é o abuso do sexo, quando não se contém e não se
controla, mas se corrompe e vive dissolutamente.
Uma das
principais características desse tipo de vida é o individualismo. Aí o sexo é usado de forma a
satisfazer os apetites de uma única pessoa. Não há uma preocupação mínima com
a outra pessoa.
Outra
característica da luxúria é a multiplicação das relações sexuais, como se muito sexo com muitas pessoas
diferentes capacitasse o ser humano a tornar-se melhor; como se o homem fosse
mais masculino e a mulher mais feminina com a multiplicação das relações.
Uma terceira
característica é que a prática sexual se torna insaciável. O ser humano não se contém, nunca está
satisfeito e pensa no sexo como se fosse capaz de lhe trazer respostas e
dignidade; então, nunca para. Ainda
outro ponto, é que essas relações tendem a ser efêmeras. São passageiras, aleatórias e sem
qualquer compromisso, pois não há o
respeito de convivência.
O livro de
Apocalipse nos apresenta a queda da grande Babilônia, o império que dominava
e oprimia as pessoas. Riquíssimo e poderoso, deixou-se perder na luxúria (a
palavra aparece 3 vezes em Apocalipse 18). A derrota, o enfraquecimento
moral, a queda são precedidos por uma vida de luxúria.
2. UM PROJETO DIVINO PARA O SER HUMANO E
PARA O MUNDO
No livro da
criação, Gênesis, encontramos, de modo muito claro, que Deus criou o ser
humano macho e fêmea (Gn 1.27,28). Há alguns destaques que devemos fazer com relação
ao assunto:
- Deus criou o ser
humano à sua imagem e semelhança.Não
é o homem (macho) nem a mulher (fêmea) que isoladamente são apresentados
como imagem de Deus. Deus criou homem e mulher como seres iguais em essência.
- O ser humano,
dividido entre homens e mulheres essencialmente iguais, é diferente em
determinados aspectos. Estas diferenças não significam superioridade ou inferioridade de
um ou outro, mas existem para que homem e mulher se complementem, se
completem. E, aqui, a sexualidade humana exerce um papel fundamental. Um
aspecto físico dessa complementação que uma parte significa para a outra,
é a reprodução humana. Para a geração de uma vida, é necessário o concurso
do homem e da mulher.
- A sexualidade, embora
sendo parte da reprodução humana, não pode ser resumida aos aspectos
físicos exclusivamente. Isto é, a sexualidade não se refere unicamente aos órgãos sexuais
ou órgãos genitais. Conforme o projeto de Deus, são necessários uma mulher
e um homem para a reprodução. Porém, deve-se levar em conta que o ser
humano é composto de outras partes que se integram, além da sexualidade.
Então, a relação entre os sexos deve também ter outros aspectos, pois, ao
ser humano foi dado o privilégio de ter imagem divina, de dominar sobre a
terra, de comunicar-se etc. A prática sexual deve, necessariamente, estar
ligada ao amor, ao carinho, à afetividade e ao compromisso.
3. UM DESAFIO À IGREJA
Porque somos
cristãos e conhecemos o projeto divino para o ser humano e vivemos em uma
sociedade que se distancia desse projeto, devemos considerar a tão grande responsabilidade
que a igreja de Jesus Cristo tem perante a sociedade e diante do Deus Eterno
que nos chamou para uma missão no mundo. Pois bem, apresentar o desejo divino
para a raça humana no que concerne à sexualidade faz parte da missão integral
da igreja.
Alguns
quesitos são aqui propostos:
- Ter uma visão bíblica
clara e correta do corpo humano é fundamental. Devemos erradicar do pensamento cristão a idéia de que o
corpo é mau e serve apenas de prisão para uma alma boa que deve voltar-se
para Deus. Esta idéia é dos gregos antigos e não é encontrada na Bíblia.
Na teologia bíblica, o corpo foi criado por Deus tão bom quanto a parte
espiritual. Aliás, para o pensamento hebreu, nem há divisão entre parte
material e parte espiritual. O ser humano é perfeitamente uno, integral,
numa perfeita unidade: corpo e alma.
- A igreja deve
apresentar um claro ensino sobre a sexualidade, a partir da sadia doutrina
do corpo humano. Não é possível
deixar de falar em sexo com nossos jovens, adolescentes, crianças e
adultos. Devemos derrubar tabus para que, aprendendo com uma boa teologia
bíblica evangélica, nossos irmãos e irmãs não descubram sobre sexualidade
coisas distorcidas, como está cheio na televisão, no rádio, nas rodinhas
de bate-papo, nos jornais e nas revistas especializadas (em que pese
haver coisas boas aí, eventualmente).
- É preciso deixar
muito claro que a atividade sexual envolve o carinho, a afetividade, o
amor e o compromisso entre as pessoas. Este ensino é importante nos dias atuais, em que
a moda é "ficar" (como dizem os adolescentes e jovens) apenas
para desfrutar de um prazer eventual e passageiro (às vezes com graves
conseqüências), mesmo sem conhecimento prévio do parceiro ou da parceira
-prática da luxúria.
- A igreja deve ser um
espaço de acolhimento, amparo e orientação para aquelas pessoas que,
porventura, despencaram na vida emocional e sexual. Muitas vezes agimos mais como punidores e
torturadores do que como pessoas amorosas, que amparam e ajudam os outros
a levantar, para andar melhor.
- A igreja deve ter uma
clara percepção da ação divina nela e através dela, pois é a ação de Deus
que nos capacita a deixar as "obras
da carne" e
produzir o "fruto do
Espírito" (Gl
5.16-25). Portanto, forças para agir de modo diferente do mundo vêm de Deus,
não de nós mesmos (Rm 8.5-11).
- A igreja, dirigida
pelo Espírito de Jesus Cristo, não pode ter medo ou vergonha de apresentar
ao mundo o contraste da Palavra de Deus em relação ao que se faz hoje. Paralela à ação dentro dos próprios muros
eclesiásticos, deve-se ter uma ação externa que confronte o mundo e
provoque mudanças (Rm 12.2).
Reflexão
Pessoal
1. O que
você pode fazer, em sua vida pessoal, acerca dos programas de televisão,
músicas ou literatura que incentivam a luxúria?
2. Você tem
cultivado uma sexualidade conforme os padrões bíblicos?
3. Você
acha que, em determinados casos, o indivíduo deve procurar ajuda para tratar o
problema da luxúria?